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Howard Becker, no livro “Truques da Escrita: para começar a terminar teses, livros e artigos" (Editora Zahar) indica a técnica da escrita livre para o desenvolvimento de
projetos acadêmicos. Parafraseando Becker (2015), a escrita livre seria um apanhado do fluxo
de uma ideia, sem a preocupação com a estrutura e organização sintática formal
do texto. Becker valoriza esse movimento de escrita do rascunho acadêmico como estratégia de escrita. Preocupado com
a organização final do texto, aponta para uma escrita rápida e uma revisão
criteriosa na construção dos ajustes que mostram a correção e refinamento do
texto acadêmico.
Na prática, a escrita do rascunho
é uma série de anotações, a princípio desorganizadas, sobre um tema.
Para escrever
um artigo, primeiro eu faço um brainstorming sobre os temas que gostaria de desenvolver, seja por pertinência ao eixo de um congresso ou revista ou ainda para registrar uma prática. Seleciono três dos temas que surgiram
na captura de ideias e estruturo essas três palavras como palavras-chave da
minha proposta de escrita.
Em seguida,
faço um esboço de Mapa Mental, me atentando para as Ideias de Ordenação Básica
(IOB) (BUZAN, 2005), que pretendo desenvolver no meu texto. Usando o Mapa
Mental como planejador das seções da escrita do meu artigo, começo a
desenvolver meu rascunho.
Na elaboração
do meu rascunho, sei que muita coisa vai mudar, e que vou ler e reler esse
fragmento. Então, não me preocupo com a organização. No meu rascunho insiro
citações que gostaria de utilizar, quadros com sínteses de teorias que estou
tentando compreender melhor, e principalmente, anotações livres. No desafio das 750 palavras por dia, que venho trabalhando há alguns meses, o fluxo de escrita de rascunho é muito relevante na minha produção recente.
Fonte: Google
As anotações
ou escritas livres são para mim os textos mais importantes. Neles há
muita originalidade e fluxo. Algumas ideias que estão sendo processadas ao
longo do texto por seu subconsciente são surpreendentemente
reveladas quando escrevemos livremente sobre uma temática. Questão essa que dificilmente aparece quando já começamos a trabalhar num texto mais formatado.
Em uma das
primeiras atividades do mestrado, minha orientadora pediu de três a cinco
páginas sobre tudo o que já tivéssemos construído sobre juventude e
desigualdade, sem citar autores, mas ancorando-se neles, claramente. Para nossa
surpresa, (minha também, não se engane) a qualidade do texto que eu produzi fez
com que ela mesma refletisse sobre anos dando curso de Sociologia da Juventude
e como poderia ter simplificado ou abordado alguns conceitos de forma
diferente. Fica a dica! Segue o fluxo!
Outra
funcionalidade importante do rascunho acadêmico é seu próprio armazenamento em
si. Guardar uma ideia para maior maturação tem se mostrado relevante na minha
prática de organização acadêmica. Começar um texto do nada é muito desafiador.
Meu pontapé inicial é sempre da leitura de duas ferramentas de armazenamento:
minha pasta de rascunhos acadêmicos, onde estão as anotações mais loucas e
desorganizadas que você possa imaginar e meu Evernote, dispositivo de gerenciamento
de notas que uso para capturar capas de livros, fotografias de citações, áudios
e até a digitalização das minhas anotações manuscritas – desde que estejam
escritas em letra caixa-alta (tudo maiúsculo)- com essas duas fontes nunca
parto do nada, sempre tem uma ideia ou proposta que apontei em anotações
anteriores e que são possíveis de desenvolver.
Essa é minha de hoje: escreva com liberdade, mas revise com diligência!
E se você gostaria de estudar comigo na próxima Oficina de Escrita Acadêmica, me manda um email (julianaprata.prof@gmail.com) ou Whatsapp (986563125).
A próxima turma será no dia 16/06, sábado, das 9 às14h, no centro do Rio.
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Ju.