quarta-feira, 26 de abril de 2017

Como Escrever sua Monografia

 (Tempo de Leitura: 2' 29'')

A escrita da monografia não é um tema fácil. Principalmente se juntarmos a ela as últimas disciplinas, estágios e trabalho. Pesado.

Mas antes, falemos sobre ovos.

Emanuele vende ovos orgânicos. Tão orgânicos que ela que cria as galinhas. Na hora da venda, tem uma lista de pessoas VIP e eu era a última. E eu agora faço parte da nata. Vendi esse artigo em troca da prioridade da venda de ovos no meu departamento. Valeu, Manu. Meu pão com ovo tá espetacular.

Voltemos às monografias.
Segundo Perotta (2004) a escrita de uma mono pode seguir os seguintes estandartes sem medo de errar: 1. RACIOCÍNIO LÓGICO (Pq...né...tá faltando um pouco hoje em dia); 2. COMUNICAÇÃO CLARA; 3. PLANEJAMENTO (Sim, depois que tive um filho no susto aprendi a planejar tudo.) e 4. NORMAS E REGRAS.

Pensar sobre o que fez/faz sentido para você na faculdade é importante. Do que você gostou? Quais campos de identificou? Com o quê você acha que poderia se dedicar a descobrir? Se suas últimas respostas foram NADA, NENHUM e NÃO TENHO IDEIA, pode fechar o texto. Se quer algo a mais, fica comigo. Brincadeira! Leia até o fim, tem surpresa!

Converse com seu potencial orientador. Em algumas faculdades não há essa possibilidade, nem ao menos de escolher. Ok. É ruim, mas não é o fim.
Em ambos os casos, nas primeiras conversas demonstre interesse. Afinal, o trabalho é seu né, gente? Quem quer se formar mesmo? Atá!

Sempre pega bem no começo de tudo, entregar uma folhinha digitada com seus dados e:
1- Tema:
2- O que quer?
3- Como vai fazer isso?

O tema é abrangente e já te da pistas para recortar os percurso que você quer fazer. “O que quer?” já é o objetivo do trabalho e “Como vai fazer isso?” fornece o protótipo da composição da metodologia.

Na sequência, selecione três palavras-chave que são a estrutura da sua mono. Atenção, não são três frases, muito menos três tratados. São apenas palavras, mas são as que vão dar total sentido a sua produção. Por exemplo, minhas pesquisas todas se estruturam assim: Desigualdade, Juventude e Políticas Públicas.

Converse com seu orientador. Mostre tudo. Se ele não te atende, mande mil e-mails. Se você acha que ele não gosta de você, sim, ele não deve gostar mesmo. Se acha que você escreve mal, não tem problema. Isso dá pra aprender! Mas LEIA TUDO QUE ELE MANDAR. CUMPRA OS PRAZOS. MESMO QUE ELE NÃO CUMPRA. Beijinhos para minhas três orientandas do semestre (rs..)

Sem mi mi mi.

Seguiremos. Manu espero que esteja gostando. A cartela de ovos está no fim. O Mi mi mi, você sabe que foi sobre a reclamação de ter recebido 18 textos como recomendação de leitura.

Para mim, o próximo passo é o Mapa Mental. Com os três tópicos (Tema, O que quer e Como vai fazer) bem esclarecidos na sua mente, além das palavras-chave, você pode construir seu Mapa Mental/Conceitual a partir da primeira (mais importante) palavra-chave. Siga as ideias primárias que se correlacionam, depois as secundárias, terciárias e ao final você terá um ótimo plano de escrita.

Planejar é um conceito meio estranho pra muita gente. Mas eu juro, funciona. Fala aqui uma improvisadora louca em tratamento.

Depois do Mapinha pronto, transforme as palavras em frases e construa os capítulos,  seções e até parágrafos mais claros.

Liste os autores encaminhados por seu orientador e sintetize seus conceitos em apenas uma palavra ou no máximo frase curta. Olhe para seu Mapa e “encaixe” os autores nas seções que você julgar adequadas. Isso já te dá a precisão necessária da posição que os autores vão entrar no seu trabalho. Questões como quem entra no capítulo 1 ou 2, estarão possivelmente controladas pelo seu Mapa que agora estará em pleno funcionamento para você seguir seu plano de escrita.

Minha última dica: ESCREVA! Redija! Sente e pense! Comece pela conclusão e todo o processo de escrita estará bem direcionado. Escreva tudo, inclusive o título com a conclusão no seu horizonte. Isso “amarra” os argumentos do seu trabalho e faz com que você se distraia menos do foco.

Ah, escrever não é linear. Então, olhando seu Mapa Mental/Plano de Escrita, você pode escrever com segurança um pedacinho do capítulo 2 e outro pedacinho do 1 sem o risco de se perder nas ideias. Ou pelo menos com o risco minimizado.

Escrever é um processo lindo. É se colocar no mundo. Uma forma de se expressar sobre um tema que você gosta. Curta o momento. Pode parecer que eu estou te sacaneando, mas há beleza. Um pouco, mas há.

Por hoje é só pessoal.
Se você tiver uma sugestão de tema, escreve para mim.

Com amor,
Ju :)

SURPRESA:

Ah, eu vou fazer uma Oficina de Escrita Acadêmica no mês de julho. Se você é do Rio de Janeiro e gostaria de estar comigo na construção de seu projeto de monografia ou mestrado, me manda um email: julianaprata.prof@gmail.com
Serão 4 horas presenciais muito produtivas .

Na etapa presencial você sai com seu Plano de Escrita pronto, detalhando tudo o que você deve fazer para escrever seu trabalho. Estou estudando a possibilidade de fazer um acompanhamento virtual também.

O meu papel não será o de substituir seu orientador e nem de escrever por você, mas te oferecer um apoio técnico e metodológico consistente e um treinamento pessoal de estudos e escrita acadêmica.

E se você não tem uma mono nem um projeto de mestrado e ainda assim quer estudar comigo, será muito legal. Nosso foco será mais aberto e eu vou poder te oferecer minhas ferramentas desenvolvidas nos últimos anos para alta performance acadêmica.

Vou oferecer duas bolsas gratuitas para graduandos em escrita de monografia. Já fui graduanda, sei como é essa vida.

Se te interessou, me manda um e-mail. Juro que o preço é acessível.


quarta-feira, 12 de abril de 2017

Como fazer um projeto de mestrado?


Esse texto foi pensado com muito amor para uma ex-aluna, Analú. Uma das mais perspicazes. Fui sua professora de Sociologia no Ensino Médio. E, para minha grande felicidade e realização, ela está concluindo sua graduação em Ciências Sociais e se prepara para o mestrado.
Se você também tem interesse em saber como construir um pré-projeto de mestrado, fica comigo! Aqui as dicas são sempre certeiras!

Quero falar que trato de pré-projeto e não de projeto porque entendo que ele pode e vai mudar. Então, se liga.

1- Participe do grupo de pesquisa de seu orientador de monografia.

Esse é um caminho mais simples para o mestrado. Eu sei que tem trabalho, casa, vida, tudo. Mas você deve priorizar. Para o mestrado o mais importante é a pesquisa. Não exatamente a sua, mas do seu orientador. É sério.
Analú, sei que você não tem TCC e por isso minha sugestão de escolha de orientador é sempre: 1- boa pessoa (Não chame o capeta pra sua vida é uma de minhas metas) e 2- tema legal. Pense nos seus professores que atuam na pós.

2- Não tem orientador? Vá ao site do programa de pós-graduação e leia sobre as linhas e pesquisas.

Busque os professores que trabalham com temas interessantes e que você gostaria de estudar e pesquise seus currículos Lattes (lattes.cnpq.br). Procure no Lattes dos professores os autores que eles usam na estrutura de suas pesquisas. Isso é bem fácil. Leia os títulos dos trabalhos, podem vir escritos os nomes de alguns referenciais. Ou mesmo baixe dois ou três artigos do potencial orientador e vá direto para as referências para identificar pelo menos três autores trabalhados.

3- Apresente-se!

Sim, na cara de pau. Envie um e-mail (está na página do Lattes de sua vítima, digo, potencial orientador). Marque um encontro de preferência antes de o edital ser publicado, por questões éticas óbvias. Como fazer isso? Beibe, estamos em abril. Período certo para se fazer isso. Os editais de processos seletivos de mestrado começam a pipocar de julho a setembro. Corre então na página do programa que você quer e baixa o edital do ano passado e pesquisa. Não sabe qual página? Dá um google: mestrado em ... e vão aparecer universidades públicas e privadas que têm programas de pós-graduação Stricto Sensu.
Ah, se convide para o grupo de pesquisa!


4- Apresente-se mesmo!!

Se deu para conversar com a pessoa, show. Se não deu, continue na luta. Eu conheci minha orientadora querida, ao contrário dos mitos acadêmicos, NO MOMENTO da entrevista. Não faça isso, é muito arriscado. O que você escolheria: um estudante que você conhece e sente firmeza ou um que nunca viu e nem sabe se foi ele mesmo que fez o pré-projeto? Pois, é.

5- Apanhado de ideias

Com a lista de autores-referência, leia dois ou três artigos, principalmente os que vêm citados nos artigos de sua vítima! Grife, entenda, resuma, estude. Após esse processo, faça um brainstorming das suas ideias no papel. Escreva todas as palavras que vem à mente sobre o tema que você está construindo. Escreva por 20 minutos. Fique concentrado. Sua mente vai ser estimulada à uma composição aparentemente aleatória que montam um universo de conceitos que podem ser muito bem aproveitados na escrita.
Você pode estar pensando em fazer uma sessão dessas todos os dias. Perda de tempo. Nosso cérebro funciona por padrões estabelecidos por nossos hábitos e preferências. Essa atividade é para ser realizada com intervalos grandes de tempo. Caso contrário, você vai encontrar praticamente as mesmas palavras. Vai por mim.

6- Possibilidades de escrita: O quê? Como?

Então, agora vamos organizar essa bagunça. Leia as palavras de sua tempestade mental e garimpe a que faz mais sentido para você. Por onde você começaria. Pense exatamente o que você gostaria de pesquisar e como, a princípio.
Digo a princípio porque é um pré-projeto. Ele pode e talvez vá mudar. Talvez até no dia da entrevista sua vítima te esclareça isso.

7- Referencial

Depois de ler as palavras que vão nortear sua escrita e pensar no o quê e no como, escreva a lista de referencial teórico e uma frase curta que sintetize MUITO o que o autor diz. Aí você vai estar preparado para fazer uma das coisas mais importantes: o plano de escrita, O MAPA MENTAL.

8- Mapa Mental

Eu amo mapas mentais. Para tudo. Desde planejar a semana até apresentar um trabalho em congresso.
Mapa mental é uma poderosa técnica gráfica que permite desbloquear o potencial cerebral. Concentra grande parte das capacidades relacionadas com palavras, imagens, números, lógica, ritmo, cor e espaço, numa única ferramenta (BUZAN, 1981). É ainda um instrumento de orientação poderoso (DIMAS, 2016). É uma ferramenta que usa os dois hemisférios do cérebro e possibilita treinar a memória criativa, organização de informação e ideias e associação de informação (BUZAN, 1990)
Um mapa mental usa cores, linhas curvas, imagens e associação de ideias (DIMAS, 2016)
A ideia central é escrita no meio de uma folha apenas em UMA palavra, as ideias periféricas vão se acoplando num segundo espaço e sucessivamente as ideias seguintes, todas naturalmente associadas com a lógica que você está criando.
Tenho um texto só sobre MAPA MENTAL aqui no blog. Procura lá.
Então, formado seu Mapa, seu plano de escrita, você já tem o tema, cada tema secundário pode ser um tópico de análise ou capítulo, cada ideia terciária pode funcionar como norteador da escrita dos parágrafos e até como definidor das frases importantes que constarão no projeto. Gostou? Eu amo. Eu falo isso há dois anos aqui no blog.

9- Escreva!

Observe seu Mapa Mental e as normas de escrita do pré-projeto que constam no edital de seleção. Obedeça as etapas sugeridas, que não verdade não são sugestões não, tá!? Aqui eu mando a real!
Geralmente são: título, nome, orientador, linha de pesquisa, introdução, metodologia, resultados, discussão, conclusões e referenciais. Alguns pedem cronograma também. Isso eles fazem só para verificar se você não é sem noção. Eles sabem que esse cronograma é furado. Tem questões no mestrado, especialmente na entrevista que são quase como um teste psicotécnico. Sobre isso falarei em outro artigo “Entrevista de mestrado”. Rezem para que seja ainda esse ano, rss..

10- Revise

Revise com cautela. E tenho dito.

É isso, espero ter ajudado. Esse é o conjunto das minhas experiências que me renderam uma nota muito boa no meu pré-projeto de mestrado. Agora é com você.

Com amor,

Ju.