sábado, 27 de janeiro de 2018

Sobre a escrita

Queridos leitores, apresento a vocês, a mais nova colaboradora do blog: Bethania Bittencourt. Uma pesquisadora muito séria que tem um jeito bom e leve de viver. Bethania foi aluna de uma das oficinas de escrita acadêmica, tem uma página no Instagram [Estudos_viagem_comida] e compartilha hoje com a gente sobre seu processo de escrita.
Vai, Bethania! 
Com amor, 
Ju.

 Tempo de leitura: 1'46''

            Falar sobre o processo de escrita é algo que gosto muito, porque esse não me parece um processo fechado, acabado ou imutável. Escrever é aprimorar-se a cada vez que se produz - seja um artigo, um texto, uma poesia, um relato, etc.


            O meu processo de escrita não é muito um passo a passo, mas envolve tempo, pesquisa e muitas consultas e leituras. Eu vou escrevendo de forma livre, apontando ideias, dados, debatendo com a teoria, algo que talvez somente eu entenda. Depois eu reviso e reviso várias e várias vezes, melhoro os termos, substituo palavras, observo se as frases estão com o sentido que eu quero que elas tenham, se elas carregam a mensagem que eu pretendo transmitir. Essas revisões incluem também um cuidado de observar se o texto está coerente, organizado, equilibrado e, principalmente, se há problematização ou se meu texto é apenas uma compilação de ideias e citações de outros autores que coadunam comigo. Problematizo expondo as minhas impressões, com o cuidado de não prescrever, dialogando e levantando possibilidades, complexidades e problemas sobre. Cada vez que escrevo percebo que melhoro um pouco mais, então, para mim, a prática ajuda muito. 

            Problematizar era um problema para mim. Inicialmente, meus textos eram demasiadamente prescritivos e legalistas. Minha orientadora apontava isso frequentemente e me auxiliava (e auxilia) a evitar. Acredito, que quando se escreve não se pode estar alheio ao que já abordado sobre o assunto, seja o que harmoniza com a pesquisa como aquilo que a contrapõe. Por outro lado, há de se ter cuidado para não “anular-se” nessa escrita, produzindo apenas uma junção de tudo o que já foi dito sobre, como diz a Juliana Prata, um computador pode fazer isso! Uma professora do mestrado diz que há alunos que não escrevem um parágrafo completo sem fazer uma citação.  Desenvolver as ideias e uma discussão sobre o assunto é óbvio e essencial, mas não foi para mim, aliás essa foi a minha maior dificuldade.

            Algumas técnicas me ajudaram a desenvolver o foco na escrita – sim, quando sentamos para escrever aparece um monte de distração. A técnica Pomodoro é a que mais utilizo para focar no tempo de concentração. O método Cornel ajuda no fichamento dos textos lidos e a identificar as suas principais ideias dos textos e livros que leio. Dicionário de sinônimos por perto também colabora muito na substituição das palavras: reduzir as repetidas, melhorar outras.

            Pode parecer que os trabalhos que lemos foram construídos de uma única vez, mas, assim como os nossos, são revisados várias vezes, há partes que são retiradas, outras são que são mais elaboradas, enfim. Logo, a escrita pode começar de forma mais “artesanal” e, conforme as edições e revisões, tomar forma.

            Por fim, para facilitar no processo, eu busco focar naquilo que vou produzir. Isso significa analisar os eixos dos eventos para ver se realmente se afinam com o campo de pesquisa. Caso contrário, pode ser se aventurar em assuntos que não dominamos ou não temos literatura.

Boas leituras, boas pesquisas e boas escritas!





 Bethania Bittencourt Costa e Silva
Mestranda em Educação UFRJ, pesquisa orientação pedagógica e gestão democrática. Atua como orientadora/ coordenadora pedagógica em redes públicas municipais da Baixada Fluminense.  Mãe, esposa, filha. Apaixonada por livros, viagens e pela pesquisa.

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Ju.